A noite. Longa. Silenciosa. No gemido de uma acutilante calma jaz o grito do ipiranga de um ser que se vê no espelho como um belo adormecido. Ele é calmo, é cortês, é bem parecido. É inteligente, sorri com todo o encanto da simpatia e é, profissionalmente, bem conseguido. Tem-se a si como um promissor investimento, mas é ainda inóquo. Juram-lhe que tudo renderá, que a espera renderá. Mas na pressa de um retorno, na insatisfação da vigia, os juros não rendem, Ainda.
(é com pontos - finais ou interlocutórios - que dá de si, a si, essa pausa.)
Cada ponto é ainda uma espera. E com cada ponto ele espera pôr toda a impaciência em espera. Mais: ele espera vencer-se, não de cansaço, mas de paz. É o que lhe apraz e pronto. .r.... Que se engane, ainda. .r.... Que se iluda, já. .r.... Pudera ele esvair-se na noite como um som que ninguém escuta nos seus sonos e nenhuma inepta insónia traria de volta ao mundo o ser que seria tão-somente o ruído sem sombra nem bagagem de uma noite fresca. E esse ruído seria, na humilde pequenez do desconhecimento do mundo, um fim em si mesmo. E os outros sons, os que ecoam nalgum campo de squash craniano que ele quis esquecer de revisitar, sem sucesso, seriam apenas o pó que uns sacodem da capota e que outros comem porque nada mais lhes pára na boca. É do sonho, o que ameaça chegar mas que .r...., sempre pode virar pesadelo, que ele tem medo. Não que o afaste das terras-do-nunca (do nunca mais é real, diria), porque ele é no sonho. É no sonho que ele se encontra e que ele se constrói.
Ele é um sonhador, e sonha tão completamente que até sonha que é dor, a dor que deveras sente.
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