«o que me excita a escrever é o desejo de me esclarecer na posse disto que conto, o desejo de perseguir o alarme que me violentou e ver-me através dele e vê-lo de novo em mim, revelá-lo na própria posse, que é recuperá-lo pela evidência da arte. Escrevo para ser, escrevo para segurar nas minhas mãos inábeis o que fulgurou e morreu.»

Vergílio Ferreira, Aparição

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terça-feira, 1 de julho de 2008

Mare clausum

Sentado num penedo,
Com o mar revolto a meus pés,
Deixo correr o medo,
Em mim, de lés a lés.

O sol desce apressado,
Na sua dança mortal,
Mas o meu fado,
Esse afigura-se igual.

O vento ruge,
Enquanto fico assim,
E porque o tempo urge,
O mar chora por mim.