«o que me excita a escrever é o desejo de me esclarecer na posse disto que conto, o desejo de perseguir o alarme que me violentou e ver-me através dele e vê-lo de novo em mim, revelá-lo na própria posse, que é recuperá-lo pela evidência da arte. Escrevo para ser, escrevo para segurar nas minhas mãos inábeis o que fulgurou e morreu.»

Vergílio Ferreira, Aparição

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sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

o meu dia

De manhã: respiro a paisagem antes de entrar no comboio.
De tarde: monto o meu cavalo de batalha. Não evito a queda. Nódoas negras.
À noite: café com amigos que há que recuperar desta semana (e das outras que ficaram para trás; e das outras que tenho pela frente; e daquelas em que não era vivo, mas que ainda me pesam como uma herança jacente a uma família desagregada; e daquelas em que já estarei morto porque o peso da minha ausência, ou a ausência desse peso, no esquecimento, têm um travo amargo).
De madrugada: Dormir e não sonhar (por favor!!, às tantas acho que já não aguento, que estou a entrar em overload).

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