«o que me excita a escrever é o desejo de me esclarecer na posse disto que conto, o desejo de perseguir o alarme que me violentou e ver-me através dele e vê-lo de novo em mim, revelá-lo na própria posse, que é recuperá-lo pela evidência da arte. Escrevo para ser, escrevo para segurar nas minhas mãos inábeis o que fulgurou e morreu.»

Vergílio Ferreira, Aparição

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sábado, 13 de outubro de 2007

M.

Dóis-me. Dóis-me mais do que me possa queixar. Dóis-me na medida que não foste, dando demais, dóis-me na medida em que fui, não me dando. Dóis.
Dóis-me na medida da tua ausência, feita abraço inconsumado. Dóis-me na medida da tua presença, feita sombra de um ontem, feita ponto distante de um amanhã.
Dóis-me no som desta música que me enche de ti. Dóis-me no correr desta lágrima, no esboçar deste sorriso.
Dóis-me neste nós feito distância. Dóis-me na medida do meu avançar pela estrada. Dóis-me neste contemplar de ti. Dóis-me, por fim, na memória de algo que está longe demais, noutro caminho.

(Escrevi-o a 25 de Setembro de 2007, pensando em nós, já tão eu e tu, então).

1 comentário:

Anónimo disse...

Lágrima Saudável

Ao "ler-te", não sei se fiquei bem, por teres mostrado o teu intimo, ou se fiquei mal pelo teu intimo ser demasiado forte(tal como o meu). Mas sei que foste, e que vais continuar a ser, muito importante para mim.

Dizem que não interessa o passado, mas sim o presente e o futuro. Discordo. É o passado que nos faz ser..que nos dá experiência..que nos abre vários caminhos..

Hoje: "eu e tu", outrora: "nós". Um "nós" repleto de cumplicidade. Um "nós" que nunca irei esquecer. Haja o que houver...
Hoje: Há q seguir o caminho escolhido. Um caminho mais seguro.

Mais uma vez, dou por mim a ir ao encontro desta (tua/minha) musica.