Na calçada estava descalço.
A luz do sol, o negro da roupa,
O céu limpo, a água que não vem,
Para lavar, para levar.
Mão estendida:
Para quem passa, para os carros.
(Para o céu?).
Gesto raro na sua vulgaridade.
Só, rodeado pela cidade.
Desenquadra-se e desenquadra:
Na sua quietude assiste ao passar do mundo,
A correr, a recuar, talvez,
Caminhando para todo o lado
E para sítio nenhum.
(Talvez para o hoje, que nos tira o ontem,
Que põe em causa o amanhã.)
Só, rejeitado.
O nós e o ele que não têm rumo.
Ou nós sem rumo e ele que não vemos.
(Que não queremos ver?).
Deixamos que ali continue,
Quando não temos nada que deixar;
Deixamo-lo ser deixado,
Deixamos que deixemos,
Mas, no fundo não deixamos os outros,
Nem os outros nos deixam a nós.
O mundo não deixa.
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