estou absolutamente teu refém. reténs-me sem prazo definido nessa tua teia de encantos e vais-me satisfazendo da sede de ti com (sempre) breves lampejos da tua presença. é inebriante a sombra que fazes cair sobre os grilhões que me prendem. como tudo está inebriado de ti, como a minha presença não é mais que uma permência que se arrasta para trás e para a frente sem poder, e sem querer, deixar o raio da tua influência. é que, para já, para logo e para um horizonte de tal modo difuso que me faz questionar as fronteiras do mundo e crer que não existe um fim, que posso circular pela esfera como se tudo não fosse uma superfície plana rodeada de abismos para o caos, estou prisioneiro sem que seja certa a causa, sem que tenha a certeza da pena ou da sua duração. e de cada vez que te afastas, de cada vez que pareces querer sucumbir a um qualquer perverso plano de mascarada piedade, foras tu capaz de tal misericórdia, de cada vez que ao longe te vejo a desparecer de costas como se vê um pôr do sol, eu não consigo deixar de pensar que não é livre que quero estar. e então oiço interminavelmente as músicas que nas sanzalas mais primaveris se entoam. e sei, sei que, roçando o absurdo, quero continuar a sentir o toque caloroso destes grilhões que me acorrentam.
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