«o que me excita a escrever é o desejo de me esclarecer na posse disto que conto, o desejo de perseguir o alarme que me violentou e ver-me através dele e vê-lo de novo em mim, revelá-lo na própria posse, que é recuperá-lo pela evidência da arte. Escrevo para ser, escrevo para segurar nas minhas mãos inábeis o que fulgurou e morreu.»

Vergílio Ferreira, Aparição

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terça-feira, 24 de junho de 2008

Cansaço

O vento fustigando as memórias de quem já não espera por não que o túmulo que é a sua cama.
Correr os olhos pelas páginas, virá-las e saber-se que o céu limpo chama pelo mar, chama pelo campo, chamando sempre para longe da sala onde uma lâmpada aponta para montanhas de conhecimento que uma mente ignorante procura (re)conhecer. Aí, onde labirintos de tinta confundem olhos já habituados a estas maratonas, no repúdio da monotonia pede-se por mais (mais de diferente).
Ao deitar o corpo sobre o colchão não há como entortar o Direito e nem Faulkner consegue afastar o turbilhão de ideias (idiotices?) que por aqui crescem como ervas daninhas, sem que consiga envenená-las com uma qualquer humana banalidade.

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