«o que me excita a escrever é o desejo de me esclarecer na posse disto que conto, o desejo de perseguir o alarme que me violentou e ver-me através dele e vê-lo de novo em mim, revelá-lo na própria posse, que é recuperá-lo pela evidência da arte. Escrevo para ser, escrevo para segurar nas minhas mãos inábeis o que fulgurou e morreu.»

Vergílio Ferreira, Aparição

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quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Pudera eu seguir o roteiro de "carrascos" deste Mundo...

Gostaria de partir por esse Mundo fora à descoberta de novos quotidianos, talvez assassinos, mas diferentes. Se a diferença é uma riqueza e a morte dos dias uma constante, então que seja assassinado com novidade. Que cada carrasco seja novo e que saiba eu olhá-lo nos olhos e reconhecer a dignidade do seu papel.
No fundo, as nossas vidas são como folhas que vão sendo escritas. Escrevemos a nossa história, mas nunca ditamos a pontuação. Surgem pontos finais onde não os queríamos, vírgulas que não nos indicam como prosseguir a frase e, por vezes, as contruções frásicas tornam-se tão incompreensíveis que as julgamos absurdas. São linhas e palavras nossas, porém. Impossível esquivarmo-nos aos carrascos.
Ditou o fim deste parágrafo do meu dia o carrasco tempo, sob a forma de ponteiros do relógio. Até mais ver, até mais ler, até mais escrever!

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