Adivinho-me nessa tua chegada triunfal.
Chegas e acenas-me, com a ponta dos dedos.
Chegas-te e passas a mão, ao de leve, nas minha costas.
Chegaste: já senti o arrepio da tua passagem.
Sentas-te comigo e fazes-me empalidecer,
Frente a todos: «Que vergonha!», penso.
Este caso é só nosso, «Nosso», segredas-me,
Em jeito de chamamento ardente, na frieza desses lábios.
Beijas-me. Tomas-me. Devoras-me.
Despes-me do tic-taquear do relógio
E levas-me para longe do tempo presente,
Para longe desta cidade, tu: selvagem!
Sentes-me inebriado de ti e regalas-te,
Enquanto neste ardor apaixonado me deixo ir,
Me deixo vir e, depois da lágrima, do grito abafado,
Expludo de mim nessa morte que é o Desespero momentâneo.
Pegas nas tuas coisas e vais-te.
Deixas a porta aberta, a Tristeza segue-se.
A Esperança alcança-me, também, mais tarde.
Mas, na escrita, continuas a amante-musa, tu: Desespero.
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