«o que me excita a escrever é o desejo de me esclarecer na posse disto que conto, o desejo de perseguir o alarme que me violentou e ver-me através dele e vê-lo de novo em mim, revelá-lo na própria posse, que é recuperá-lo pela evidência da arte. Escrevo para ser, escrevo para segurar nas minhas mãos inábeis o que fulgurou e morreu.»

Vergílio Ferreira, Aparição

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terça-feira, 9 de outubro de 2007

Outono

É Outono, mas sente-se ainda o ar quente ao anoitecer.
Atraco o meu barco neste chegar a casa. Este sítio é o mais bonito do mundo. Este momento é o mais bonito de sempre. É o momento de agora. Descanso-me, na ponta da caneta. A calma. Acalma, esta pausa. Contemplo as maravilhas deste mundo. O todo abraça-me. Todo eu sou. Estou com Deus. Agradeço-Lhe este momento de paz. Tenho muito que fazer. Tenho muito que ser. Muito para fazer, ainda. Solto o que já foi, o que já fui.
Espero, neste calor de princípios de Outono, que as folhas comecem a cair. Espero os dias de chuva em que me deixarei levar pela correria. Espero os dias gélidos em que o ar seco me beijará o rosto enquanto me deixarei beber da luz do sol de Inverno.

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