«o que me excita a escrever é o desejo de me esclarecer na posse disto que conto, o desejo de perseguir o alarme que me violentou e ver-me através dele e vê-lo de novo em mim, revelá-lo na própria posse, que é recuperá-lo pela evidência da arte. Escrevo para ser, escrevo para segurar nas minhas mãos inábeis o que fulgurou e morreu.»

Vergílio Ferreira, Aparição

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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Da busca feita vã pesquisazinha

Por vezes uma visão, um cheiro ou um som basta, e o tempo pára: e que bom que é perceber que ainda Sou!
Na corrida citadina há sempre tanto que fazer que o tempo não se dá à vida, escapando-se por entre vãs tarefas (oh!, se vãs não são!). E eu, este eu pequenino, perdido e escondido em alguma página recôndida da googlada desta hora? E eu, este e ... u fugidio que perde a consciência de si próprio e do mundo, este mundo pequenino perdido em caracteres que se lêm nas entrinspirações? Onde? Quando? quem?...
Quem quer saber de si, e de si no mundo, tem de se largar dos afazeres do mundo e perder-se das coisas mundanas, para Se Perder no Mundo. E, se as engranagens do relógio continuam a girar e o tempo não pára, talvez valha a pena quebrá-lo e perder(-me) para (me) poder encontrar.

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