Andando nos meus pés gastos,
Oiço o barulho dos meus passos.
Não há beijos, nem abraços,
Nem gritos, nem estardalhaços,
Nem choros, nem embaraços,
Nem pós reluzentes, nem ouros baços,
Nem tempos, nem espaços,
Só há:
Passos
.
Para onde caminham os meus pés,
Correndo de lés a lés,
Meu mar, suas marés,
Meu vento, soprando "Quem és?",
Minhas ideias e suas rés,
Minha terra, que contamina com chaminés
Meu céu, que Deus fez,
Um passo para cada um dos porquês,
E depois todos de uma vez,
Fundidos numa estranha grés?
Oleiro de mim, em poesia,
Amasso a grés, molhada e fria,
Aperto, espremendo a agonia,
Perco as formas da alegria,
E deixo a mente vazia.
Não há espanto ou euforia,
Não há virtude ou atonia,
Há movimento em sintonia,
E a cada passo:
Leve sinfonia.
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1 comentário:
Todos os passos se tornam fáceis se forem precedidos pela ingestão da quantidade indicada de cacahuetes!
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