De onde vêm as sobras de mim? De onde me chega o canto de augúrio do amanhecer à luz fria de Inverno? O beijo de uma guitarra que me chega lá de longe, de tempos imemoriais, condensados nesta informação digitalizada, formato mp3, atira-me contra a verdade do encontrar-me aqui, agora!. Hoje. O sufoco que me chega pelos dedos quando viro a página (não a página) atrai-me como atrai o osso rançoso o cão vadio. E quero cada página, para a negar. Nego o que leio por obrigações por mim impostas, saindo para a mentira do estar morto enquanto maquinalmente vivo. O desgosto de uma hora passada nisto: no empreendimento. Estudo, no caso. E a certeza de que me construo nesta leitura, de que me cultivo e construo o meu futuro, e que não me acalma. Porque me adoça a vida a amargura dos dias errantes em certas certezas que me dão como certas na certamente conveniente assunção da vida em comunidade. Comummente assimilada a agridoce desventura do amar a banalidade no ser mais (ainda mais). Hoje. Sempre tive em mim o encanto do saber tudo ignorar, designorando-te, verdade suprema que é ser nada, porque sempre construí(n)do sobre esta areia movediça que deixa escapar olhos, mãos, boca, cabelos desalinhados e pés alinhados para a derradeira marcha, no ir sendo (sem saber do ser) mais, MAIS, para, até ao descontentamento do ainda não chegar, me recomeçar de onde me deixei (útero materno de memórias vãs, ainda na eternidade dos ontens). Hoje.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
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2 comentários:
Vim retribuir a visita, mas vou regressar com certeza.
Gostei muito do texto... e do blog.
Vim retribuir a visita mas vou regressar com certeza.
Gostei muito do texto e do blog.
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