Incompleto. Perpetuamente incompleto. É desumano este vaticínio divino. Gélido, o vento da sorte. Arrepia-me. Faz-me tremer desalmadamente. Faltam-me as forças. O frio da noite que me envolve deita-me por terra.
Esse corpo que me dizem ser o meu jaz no chão imundo deste lamaçal. Jaz na prisão de uma insatisfação ditada por tiranos desígnios. Sem direito a julgamento. Sem justiça.
Ri-se e sorri, quando diz «tudo bem» a quem passa. Ri-se do ridículo da sua posição.
Jaz, rindo. Jaz, sentado à mesa para jantar. Jaz, sentado no comboio, quando vai para as aulas. Jaz, sentado a uma qualquer mesa de trabalho e estudo. Jaz, sentado à conversa no café. Melhor seria que jazesse no banco dos réus, para ser julgado, antes da pena. «Que pena», pensa, pois que as punições vão sendo ditadas pelo azar, qual Tribunal da Santa Fortuna em acção, que não admite a inocência. A idade da inocência já passou, essa sim, em que não havia inquisições fantasma culminando em amputações emocionais. Torturam-no até que não possa mais e, desfigurado, admita: «Sim, não presto!».
Sofre. Sofre antes de ser inquirido, sabendo o que o espera. Sofre, quando é torturado. Sofre com o castigo que lhe é aplicado por ser - humano.
Moribundo, nada lhe resta. Procura reconfortar-se no abraço inconsumado desta morte renascida.
Esse corpo que me dizem ser o meu jaz no chão imundo deste lamaçal. Jaz na prisão de uma insatisfação ditada por tiranos desígnios. Sem direito a julgamento. Sem justiça.
Ri-se e sorri, quando diz «tudo bem» a quem passa. Ri-se do ridículo da sua posição.
Jaz, rindo. Jaz, sentado à mesa para jantar. Jaz, sentado no comboio, quando vai para as aulas. Jaz, sentado a uma qualquer mesa de trabalho e estudo. Jaz, sentado à conversa no café. Melhor seria que jazesse no banco dos réus, para ser julgado, antes da pena. «Que pena», pensa, pois que as punições vão sendo ditadas pelo azar, qual Tribunal da Santa Fortuna em acção, que não admite a inocência. A idade da inocência já passou, essa sim, em que não havia inquisições fantasma culminando em amputações emocionais. Torturam-no até que não possa mais e, desfigurado, admita: «Sim, não presto!».
Sofre. Sofre antes de ser inquirido, sabendo o que o espera. Sofre, quando é torturado. Sofre com o castigo que lhe é aplicado por ser - humano.
Moribundo, nada lhe resta. Procura reconfortar-se no abraço inconsumado desta morte renascida.
4 comentários:
Parabens!
o abraço da morte... envolvente.
Senhor manolo! Parabéms atrasados e mais parabéns pelo blog! Vou passar a vir cá mais vezes!
Bjs!!!
Uma agradável surpresa o teu blog.
Devorei-o de uma ponta à outra e faz agora parte do meu roteiro na blogosfera.
Parabéns e um abraço!
André Couto
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