«o que me excita a escrever é o desejo de me esclarecer na posse disto que conto, o desejo de perseguir o alarme que me violentou e ver-me através dele e vê-lo de novo em mim, revelá-lo na própria posse, que é recuperá-lo pela evidência da arte. Escrevo para ser, escrevo para segurar nas minhas mãos inábeis o que fulgurou e morreu.»

Vergílio Ferreira, Aparição

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quinta-feira, 21 de maio de 2009

aqui é onde me não espero, hoje... aqui é onde me não tenho, me não vejo... aqui não, porque não tenho lugar. o meu lugar não é de um corpo, nem que seja um corpo de dados na www. tudo é uma passagem. esta alma ocupada pede desculpa àqueles que a visitam, porque por aqui se não pára. por aí se não deixam palavras, se não as que o vento leva, se não as que o mar engole, se não as que os meus esquecem, senão as que o tempo tolhe. por cá não há tempo, por cá há demasiada substância, muito que aproveitar; porque a essência estará sempre lá, mesmo quando os ossos ficarem despidos e o tempo estéril.